Você tem uma vida em mãos, o paciente não respira, pode ter alguma lesão na coluna, não pode se mover, mas ao mesmo tempo você tem que fazer as contrações e os procedimentos nescessários para que os sinais vitais voltem. Você pode, tentando ajudar, quebrar a costela de um idoso, talvez agravar os cortes de um acidente ou até mesmo ver alguém morrendo bem ali, nas suas mãos. Ao chegar em casa, os problemas estão no hall de entrada, bem ali sentados no sofá. Por um instante parecem intimidadores; com aquela forma de alcançar onde pode mais doer, mas no momento seguinte, olhando com atenção, eles não são nada perto do velhinho simpático contador de histórias, que sofreu um ataque súbito e faleceu, ou talvez daquela criança que com um mês de vida, aspirou o leite materno (o leite da 'vida'), e nunca mais vai poder sorrir. Daí você olha para o problema e as suas reações são as mais diversas: você ri, você chora, mas você não se importa tanto assim; não mais. Você só quer 'sair de fininho pela porta dos fundos, sem causar alvoroço nem conseqüências, e depois só parar de correr quando chegar à Groenlândia.' Mais do que nunca, sei que está na hora de tirar as roupas velhas do corpo, aquelas que querem continuar pedindo pelo final feliz da história e reafirmar a verdade do tudo passa.


Em algum lugar, no meu caminho entre o hospital e a casa, o coração dela parou. (...)

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