yo me quedo con mi vida mil estrellas...

Me queira bem.


'Me queira bem. Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é lindo e eu tento te enviar a minha melhor vibração. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,
p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.
E amanhã tem sol.'

Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra.

Escreverá: penso em você.

Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.


Quem um dia irá dizer que existe razão

Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer

Que não existe razão?
Você tem uma vida em mãos, o paciente não respira, pode ter alguma lesão na coluna, não pode se mover, mas ao mesmo tempo você tem que fazer as contrações e os procedimentos nescessários para que os sinais vitais voltem. Você pode, tentando ajudar, quebrar a costela de um idoso, talvez agravar os cortes de um acidente ou até mesmo ver alguém morrendo bem ali, nas suas mãos. Ao chegar em casa, os problemas estão no hall de entrada, bem ali sentados no sofá. Por um instante parecem intimidadores; com aquela forma de alcançar onde pode mais doer, mas no momento seguinte, olhando com atenção, eles não são nada perto do velhinho simpático contador de histórias, que sofreu um ataque súbito e faleceu, ou talvez daquela criança que com um mês de vida, aspirou o leite materno (o leite da 'vida'), e nunca mais vai poder sorrir. Daí você olha para o problema e as suas reações são as mais diversas: você ri, você chora, mas você não se importa tanto assim; não mais. Você só quer 'sair de fininho pela porta dos fundos, sem causar alvoroço nem conseqüências, e depois só parar de correr quando chegar à Groenlândia.' Mais do que nunca, sei que está na hora de tirar as roupas velhas do corpo, aquelas que querem continuar pedindo pelo final feliz da história e reafirmar a verdade do tudo passa.


Em algum lugar, no meu caminho entre o hospital e a casa, o coração dela parou. (...)